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Morre Príncipe Philip

Por Zenilda Carvalho

O Príncipe Philip, marido da Rainha Elizabeth, morreu na manhã desta sexta-feira, dia 9, no Castelo de Windsor. 

Nascido na Grécia, em junho de 1921, já com o título de príncipe, Philip teve uma trajetória marcada de fatos relevantes, e deixa seu marco na realeza britânica pelo legado e por sua irreverência.

O Comitê Nacional de Cerimonial e Protocolo recebeu importante documento da Organización Internacional de Ceremonial y Protocolo – OICP (Organização da qual o CNCP Brasil é membro), e que traz ricos detalhes da história e da trajetória de Philip, o Duque de Edimburgo. Traduzido para o português, o CNCP Brasil disponibiliza para o conhecimento de seus membros, profissionais das áreas de cerimonial, protocolo, eventos e afins.

PHILIP, DUQUE DE EDIMBURGOFIGURA E FUNERAIS

QUEM FOI PHILIP DE EDINBURG?

O príncipe Philip nasceu na ilha de Corfu, Grécia, em 10 de junho de 1921. Em 22 de setembro de 1922, o tio de Philip, o rei Constantino I da Grécia, foi forçado a abdicar do trono. O governo militar prendeu o príncipe André (pai de Philip) e, em dezembro, um tribunal revolucionário o expulsou da Grécia para sempre. A família de Philip exilou-se na França, onde se estabeleceu no bairro parisiense de Saint-Cloud. A mãe de Philip acabou internada em uma instituição psiquiátrica enquanto seu pai se mudou para o sul da França, mantendo contato limitado com o restante da família. Philip estudou na MacJannet American School antes de ser mandado para o Reino Unido para estudar na Cheam School. 

Durante a década de 1930, ele foi transferido para uma escola na Alemanha e depois mudou-se para a Escola Gordonstoun na Escócia, fundada pelo diretor judeu Kurt Hahn após o surgimento do partido nazista. Muitos dos membros da família de Philip permaneceram na Alemanha, incluindo suas irmãs, que se casaram em círculos aristocráticos alemães.

Depois de se formar em 1939, Philip se matriculou no Royal Naval College, onde se destacou. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele serviu na Marinha Britânica, enquanto vários membros de seus parentes estavam do lado oposto do conflito.

Em 1939, o rei George VI e sua família fizeram uma visita oficial ao Royal Naval College. Philip acompanhou suas duas filhas pequenas, Elizabeth e Margarita, que eram primas distantes de Philip pela Rainha Vitória. Elizabeth, 13 anos, se apaixonou por Philip durante a viagem e os dois iniciaram uma troca de cartas, que continuaria pelos próximos anos.

No verão de 1946, Philip pediu ao rei George a mão da filha em casamento. O rei concordou, desde que qualquer noivado formal fosse adiado até o aniversário de 21 anos de Elizabeth. Para se preparar para o anúncio, Philip abandonou seus títulos reais gregos e dinamarqueses, adotou o sobrenome Mountbatten da família de sua mãe, adotou o anglicanismo como religião e tornou-se súdito britânico.

O noivado de Philip e Elizabeth foi anunciado ao público em 10 de julho de 1947. Eles se casaram em 20 de novembro de 1947, na Abadia de Westminster, em uma cerimônia transmitida ao mundo pelo rádio. Na manhã do casamento, Philip tornou-se duque. Eles tiveram quatro filhos: Charles, Anne, André e Eduardo. O príncipe Charles, seu filho mais velho, é o herdeiro do trono.

O rei George morreu em 6 de fevereiro de 1952, deixando Elizabeth como sua herdeira. Philip e Isabel souberam da notícia de sua morte durante uma viagem ao Quênia. 

A ascensão de Elizabeth ao trono levantou a questão do nome da Casa Real. Seguindo o conselho do primeiro-ministro britânico Winston Churchill, Elizabeth proclamou que a monarquia continuaria a ser conhecida como a Casa de Windsor, um apelido adotado pela primeira vez por seu avô George V.

Philip foi consorte da rainha por mais de seis décadas, tendo-a acompanhado em seus deveres e apresentações oficiais em todo o mundo. Além disso, participou do trabalho de diversas organizações, privilegiando principalmente aquelas voltadas para o meio ambiente, atletismo e educação. Philip lançou o Prêmio Duque de Edimburgo em meados da década de 1950, com foco nas realizações da juventude. Ele jogou pólo até 1971 e competiu em corridas de bigas e barcos. Pilotar aviões, pintura a óleo e coleção de arte também estavam entre seus hobbies.

O príncipe Philip ao lado da rainha Elizabeth.Foto: Reprodução Instagram/Chris Jackson.

O NOME DE PHILIP 

O Príncipe Philip nasceu “Príncipe Philip da Grécia e Dinamarca”, mas sua família foi exilada da Grécia quando ele era apenas um bebê. Quando se casou com Elizabeth em 1947, Philip teve que abandonar seus títulos estrangeiros, tornar-se cidadão britânico e adotar um novo sobrenome. Ele escolheu Mountbatten, o sobrenome de seus avós maternos. Quando chegou a hora de Elizabeth subir ao trono, o primeiro-ministro Winston Churchill e a rainha-mãe aconselharam Elizabeth, com veemência, a não mudar o nome da casa britânica de Windsor para Mountbatten. Ao mesmo tempo, a nova rainha estava sendo pressionada por seu marido a adotar seu sobrenome.

A princípio Elizabeth decidiu ir contra a vontade de Philip e, em 1952, declarou que permaneceria com o sobrenome Windsor, o que aborreceu profundamente o duque. O sobrenome de Elizabeth era tecnicamente Windsor, o sobrenome da família real que foi estabelecido em 1917. Antes disso, os membros da família real eram conhecidos pelos nomes dos países onde seus parentes governavam, e os soberanos tomavam o nome da “Casa” de seu pai. Mas, sete anos depois de seu governo e motivado por sentimentos anti-alemães derivados da Primeira Guerra Mundial, o Rei George V (avô da Rainha Elizabeth II) decidiu que abandonariam essa tradição, já que seu nome de Casa era Sajonia-Coburgo-Gotha. E assim se tornou uma tradição que o sobrenome dos membros da família fosse Windsor.

Oito anos depois, o casal real chegou a um acordo. A rainha e o duque de Edimburgo declararam juntos que gostariam que seus filhos tivessem o sobrenome Mountbatten-Windsor.

A ÁRVORE GENEALÓGICA DE PHILIP

O príncipe Philip, duque de Edimburgo, conde de Merioneth e barão de Greenwich, também conhecido como príncipe Philip da Grécia e Dinamarca, era o único filho do príncipe Andrew da Grécia e Dinamarca e da princesa Alice de Battenberg. Ele tinha quatro irmãs mais velhas: Cecilie, Sophie, Margarita e Theodora. Apesar de não ter nascido britânico, Philip tinha laços de família com a Inglaterra. Pouco depois de seu nascimento, seu avô materno, o príncipe Louis de Battenberg, morreu em Londres. Luis era um cidadão britânico naturalizado que renunciou aos títulos alemães e adotou o sobrenome Mountbatten durante a Primeira Guerra Mundial. Philip também era relacionado à família real britânica como descendente da Rainha Vitória.

A APOSENTADORIA DO PRÍNCIPE PHILIP 

Em um comunicado, o Palácio de Buckingham disse: “Ao tomar esta decisão, o Duque tem o total apoio da Rainha. O Príncipe Philip comparecerá aos compromissos agendados entre agora e agosto, tanto individualmente quanto acompanhando a Rainha. Doravante, o duque não aceitará novos convites para visitas e compromissos, embora ainda possa optar por comparecer a certos eventos públicos de tempos em tempos. Sua Majestade continuará a conduzir um programa oficial completo de engajamento com o apoio dos membros da família real. ” 

O anúncio foi feito enquanto as agendas de outono da família real estavam sendo elaboradas para mostrar a intenção clara do príncipe Philip à centenas de organizações com as quais ele estava associado. O príncipe Philip decidiu passar mais tempo em Windsor, aproveitando seu tempo livre. No momento do anúncio de sua aposentadoria, ele ainda era um piloto ativo, embora não estivesse mais competindo. Ele continuou sua associação com mais de 780 organizações das quais era patrono, presidente ou membro, embora já não desempenhasse um papel ativo no comparecimento a compromissos públicos.

OS FUNERAIS DE PHILIP DE EDIMBURGO 

 Embora, como consorte da rainha, ele tivesse direito a um funeral de estado completo, o Príncipe Philip sempre insistiu que não queria o “alvoroço” de um serviço religioso no Westminster Hall. Acredita-se que seu corpo será velado no Palácio de St. James. 

O funeral provavelmente será um evento discreto, com apenas a família do príncipe Philip, amigos e chefes de estado dos países da Comunidade, com um serviço religioso na Capela de São Jorge no Castelo de Windsor. 

O duque de Edimburgo teria expressado seu desejo de ser enterrado nos Jardins Frogmore, no terreno do Castelo de Windsor. A maioria dos monarcas britânicos está enterrada na Abadia de Westminster e na Capela de São Jorge, mas tanto a Rainha Vitória quanto o Príncipe Albert estão enterrados em um mausoléu nos Jardins Frogmore.

A rainha deve entrar em um período oficial de luto, que deve durar oito dias. Durante esse período, nenhum decreto real será assinado e os assuntos de estado serão suspensos por respeito. Espera-se que o período de luto real continue por 30 dias, após os quais se acredita que a Rainha retornará totalmente às funções públicas. É pouco provável que ela siga os passos da Rainha Vitória, que viveu em grande parte isolada no Castelo de Balmoral nas quatro décadas após a morte de seu marido.

QUEM SERÁ O PRÓXIMO DUQUE DE EDIMBURGO?

O príncipe Eduardo herdará o título de seu pai. Ele não é tão conhecido quanto seus irmãos e na verdade escapou dos holofotes por muitos anos, mas após a aposentadoria de Philip e a “demissão” do Duque e da Duquesa de Sussex, Eduardo viu sua agenda oficial aumentar, assumindo muitos dos compromissos oficiais de seu pai e sobrinho.

Fonte: Organización Internacional de Ceremonial y Protocolo – OICP

Texto em espanhol: Marina Fernandez

Tradução: Raab Simões.

Durante o dia, Marina Fernandez, secretária geral da OICP, concedeu entrevista para o
canal France 24.